“Não nos considero como um clube, mas como um projeto”

quarta-feira, 1 de julho de 2009

CONTINUAÇÃO DA ENTREVISTA COM ISABEL MOURA, TÉCNICA DO SEA GRS ARUJÁ
POR IGOR RESENDE



Mulheres do Futsal – O grande foco da equipe é a competição estadual?

Isabel Moura – Não. Estamos preparando a equipe pros jogos regionais. Na nossa vitória, inclusive, deixamos a equipe sub-20 em quadra por um grande período. Pelo menos nessa categoria, estamos no caminho certo.



Mulheres do Futsal
– Como funciona esse projeto de recuperação social.


Isabel Moura – Muitas vezes as meninas chegam aqui com a moral muito baixa, se sentindo rejeitadas por terem sido reprovadas em outros testes ou enfrentando graves problemas familiares. Nós não fazemos peneiras. Quer dizer, no primeiro dia elas vêm achando que será um teste, mas quando termina o treinamento dizemos que todas são bem vindas pelo tempo que quiserem aprender. As nossas melhores jogadoras são inscritas em campeonatos e eu os vejo como vitrine. Coloco as jogadoras para que elas demonstrem seu futebol e possam ir para outras equipes. E isso já aconteceu! Temos meninas que começaram aqui jogando pelo time de Pindamonhangaba, pelo time de Suzano. Queremos dar um respaldo para que elas se mostrem para outras pessoas.

M. F. – Quanto à educação, você vê alguma relação com os esportes?

I. M. – Olha, foi o esporte que conseguiu financiar a minha educação. Consegui bolsa de estudos jogando pela minha faculdade. E isso já se repetiu com uma das nossas jogadoras, que hoje estuda no Mackenzie. Além disso, a gente tenta elevar a moral das meninas. Hoje a facilidade de conseguir bolsas pelo PROUNI é maior, mas elas chegam aqui tão desanimadas que nem tem forças para tentar qualquer coisa. As vezes tenho que ser mãe, tia, avó das jogadoras. Muitas delas já dormiram na minha casa por algum problema familiar. Tento ajudar sempre que possível.

M. F. – Como surgiu toda essa paixão pelo esporte? Desde o começo você está ligada ao futsal?

I. M. – Eu estudei no SESI, onde a filosofia é a disciplina através do esporte. Além disso, sempre tive incentivo da minha mãe. Comecei ligada ao handebol, com treinos na própria escola. Ganhei mais incentivo após alguns campeonatos e graças a minha dedicação consegui algumas coisas importantes, como minha bolsa de estudos. Comecei a dar treinos da modalidade em uma escola apenas em 2000, cinco anos depois de formada. No futsal, comecei em 2004, com treinos de preparo físico e no ano seguinte fui trabalhar com as categorias de base do Estrela de Guarulhos. Acho que os bons resultados que obtive logo nos meus primeiros times de handebol me fizeram pegar gosto pela profissão de treinadora. Resultados que digo não são apenas dentro de quadra. Não preciso ganhar títulos, mas ver que meus alunos estão aprendendo e se transformando.

5 comentários:

Yasmin. disse...

Uma pessoa (@qryz) deixou esse comentário no twitter da J. "excelente matéria sobre as jogadoras de futsal". Os textos estão muito bons mesmo. Parabéns, gente.

Amanda Previdelli disse...

Muito legal a entrevista! Mostra como o esporte tem um espaço enorme inclusiva nas oportunidades universitárias.

Claudia M. Justiniano disse...

A importância dos esportes fica clara em matérias como essa. Longe de ser o ópio do povo, é interessante notar o quanto fica atrelado à educação. Muito bacana!

Leandro Gouveia disse...

Ótima entrevista. Muito legal o espaço dado pelo blog para esse tipo de projeto. É bom ver como o esporte pode ajudar e incentivar as pessoas a exemplo deste caso.

Anônimo disse...

é muito boa a materia gostei muito esse time ah de quecer e ser um dos merlhores que tem em guarulhos pq as meninas mostra guarra e vontade para continuar jogadoo
parabens S.E.A vcs são uma familia unidas que dar para ver