"Espero contribuir para o desenvolvimento do esporte"

terça-feira, 15 de setembro de 2009

CONTINUAÇÃO DA ENTREVISTA COM ROBERTA BATISTA BEZERRA, TÉCNICA DO SÃO CAETANO/CORINTHIANS/UNIP

POR RAFAELA CARVALHO


Mulheres do Futsal: Como é seu relacionamento com as jogadoras? Como enxerga seu papel de técnica em relação a elas?
Roberta Batista: Levando em conta que eu já fui jogadora, eu as entendo melhor em cada situação e nos sentimentos que elas têm em quadra. Dou bronca nelas mas também as incentivo, porque sei pelo que elas passam, e, por isso, a comunicação fica mais fácil entre nós. E dentro da quadra é dentro da quadra e acabou. Vou xingar, vou brigar, porque quero ganhar e quero que elas também tenham esse espírito. Mas fora de quadra, tenho uma relação muito boa com elas, de às vezes sair pra um churrasco, conversar sobre um problema... por eu ser nova, acho que isso também facilita. Na nossa equipe, não existe essa distância entre treinador e atleta. Também cobro muito delas que se cuidem, sejam femininas, vaidosas, e que não se deixem levar pelo preconceito que se tem com o futsal feminino.

M.F.: O futsal feminino do Corinthians sofre preconceito? Ou, por ser uma equipe de renome, isso não acontece?
R.B.: Por causa do nome Corinthians, as pessoas já levam mais a sério. Há um respeito pelo nome. As pessoas prestam mais atenção, e percebem que o Corinthians não daria o seu nome para uma equipe que não fosse de boa qualidade. Se me veem com uma blusa da equipe, me perguntam o que eu faço. Quando eu digo que sou técnica da equipe de futsal feminino as pessoas se espantam, perguntam de campeonatos que jogamos e, assim, passam a dar mais valor a esse esporte.

M.F.: O time vinha de muitas vitórias e um aproveitamento de 100% nas primeiras rodadas no campeonato. Depois disso, o desempenho começou a cair (empatou com o Mogi em 4x4), e a equipe chegou a perder por 5x4 para o Cotia. Comente um pouco esse resultado. A equipe vem decaindo no Paulista?
R.B.: A nossa equipe é jovem, mas bastante regular. O que aconteceu foi que nós participamos dos Jogos Abertos Brasileiros (JABs), em Maringá, na categoria principal. Jogamos cinco jogos direto e conquistamos o terceiro lugar. O jogo contra o Mogi foi no dia seguinte à nossa chegada. Não jogamos mal, mas as meninas falharam nas finalizações, até por causa do cansaço. Além disso, jogamos em uma quadra menor do que a quadra em que treinamos, então tivemos muita dificuldade. Contra Cotia foi tivemos o mesmo problema com o tamanho da quadra. Mas foi um jogo bastante equilibrado, em que qualquer equipe poderia ter vencido.

M.F.: Levando em conta fatores adversos como essa derrota e a pouca visibilidade do futsal feminino no esporte, como você procura estimular a equipe?
R.B.: Eu procuro mudar a equipe e o estilo de jogo, talvez tirar o pivô pra mudar a cara do jogo. Mas é aí que também entra a parte motivacional, falando pra insistir que uma hora a bola vai entrar no gol. E eu sempre digo a elas: “Vocês já ganharam alguma coisa? Não. Então vamos ganhar”. E isso vai fazendo com que cresça nelas a mesma vontade que eu tenho de sempre ganhar, e todas passam a incentivar umas as outras. E tudo isso sempre com muita humildade, não importando o time contra quem nós vamos jogar.

M.F.: Quais as prioridades do time a cada temporada? O Paulista é uma delas?
R.B.: A nossa prioridade são os Jogos Regionais Abertos. O nosso objetivo no Paulista é chegar na final. Mas é um campeonato longo, que dá uma grande chance de recuperação para as equipes que eventualmente perdem algumas partidas. O importante para mim, no Paulista, é nós estarmos classificados entre os quatro melhores. Muitas vezes, eu não me importo muito com o resultado. Se nós treinamos durante a semana alguma jogada nova, uma marcação diferente, nós colocamos tudo isso em prática nas partidas do Paulista.

M.F.: Quais os seus sonhos para a equipe do Corinthians e para o futsal feminino?
R.B.: Eu gostaria muito de ver o desenvolvimento do futsal feminino. Eu acho isso muito importante, até porque eu faço parte dele. Eu espero contribuir para o desenvolvimento do esporte. Para a equipe desse ano, espero que sejamos cada vez melhores. Também espero que, em alguns anos, haja mais visibilidade para essa modalidade, porque se isso acontecer, com certeza, o futsal também terá equipes cada vez melhores.

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